quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Tratamento das Reações Alérgicas

As reações de hipersensibilidade imune são classificadas de acordo com o mecanismo imunológico compreendido. Os tipos I, II e III são mediados por imunoglobulinas, enquanto o tipo IV é mediado pela CMI como já nos referimos anteriormente.

a) O principal objetivo do tratamento da hipersensibilidade do tipo I consiste em evitar a liberação da histamina, neutralizá-la ou inverter-lhe os efeitos. Os fármacos antihistamínicos, que bloqueiam de modo competitivo as ações da histamina, são os já citados acima: antagonistas H1 e H2.
As aminas simpatomiméticas (fármaco adrenérgico que pode ser uma edefrina ou epinefrina), que atuam como antagonistas fisiológicos da histamina e de outro mediadores da Alergia, e que inibem a liberação destas substâncias pelos mastócitos ao estimular a formação de cAMP, são também úteis no tratamento deste tipo de Alergia. A edefrina tem a vantagem de ser bem absorvida por via oral e de proporcionar atividade por uma hora ou mais. As soluções de epinefrina, que devem ser administradas por via parenteral, proporcionam o mesmo alívio e proteção, mas muito mais eficaz e rapidamente. Para reações alérgicas agudas que compreendem urticária e edema angioneurótico, deve ser adequada a injeção subcutânea de 0,3 a 0,5 ml de epinefrina 1:1000. Distúrbios fulminantes tais como choques anafiláticos exigem absorção mais rápida de epinefrina do que aquela proporcionada por injeção subcutânea, sobretudo se a circulação estiver prejudicada. Recomenda-se a injeção intramuscular de 0,4 a 0,6 ml de epinefrina ou, se o paciente já foi previamente preparado para injeções intravenosa, a administração intravenosa lenta de epinefrina de 1:10000. Com esta última rota de administração, há considerável risco de precipitar arritmias cardíacas e fibrilação ventricular graves.
O cromglicato sódico é outro fármaco que impede a desgranulação dos mastócitos. O fármaco estabiliza o sistema de adenilciclase-cAMP, mas não exerce nenhum efeito direto sobre a ação da histamina autacóides relacionados. O cromoglicato sódico é apenas útil como agente local; em geral, é utilizado na forma de pó, que é insuflado como aerossol ou depositado diretamente nas narinas. O fármaco foi também submetido a ensaios terapêuticos preliminares em pacientes com colite ulcerativa, doença com possível alteração do processo imune.
Alguns fármacos ansiolíticos também funcionam como anti-histamínicos, como o difenilmetânico. A estrutura química da hidroxizina é semelhante a de alguns dos anti-histamínicos piperazínicos. Os análogos da hidroxizina são usados principlamente como anti-histamínicos em vez de agentes ansiolíticos, cuja função é diminuir o tono muscular, reduzir a ansiedade, entre outros.
Outro método de tratamento das hipersensibilidades de tipo I está em fase de estudo*. A IgE, que medeia as reações atópicas, exerce esta ação devido à sua propriedade singular de ligar-se a receptores presentes na membrana do mastócito. A fixação ocorre em centro de ligação específico sobre a molécula de imunoglobulina. Sintetizou-se um pentapeptídeo (Asp-Ser-Asp-Pro-Arg) com a mesma seqüência de aminoácidos do local de ligação, e verificou-se que ele inibe as reações a testes cutâneos do tipo I. este peptídeo é agente terapêutico promissor, visto que inibe a reatividade cutânea não só através da competição pelos receptores situados na membrana dos mastócitos, mas também através do deslocamento ed IgE fixada na membrana do mastócito.

b) Os agentes imunossupressores que inibem a produção de auto-anticorpos e fagocitose são utilizadas no tratamento das hipersensibilidades auto-imunes graves do tipo II. Com freqüência , os corticosteróides e a azatioprina ou metotrexato são utilizadas em associação. Doses elevadas de glicocorticóides podem ser úteis na atenuação do espasmo brônquico e do edema laríngeo. Nesta situação, os glicocorticóides também atuam no sentido de aumentar a contração cardíaca e realçar os efeitos vasculares das catecolaminas. Contudo, os efeitos máximos dos glicocorticóides não ocorrem se não varias horas após a administração. A inibição exercida por glicocorticóides sobre fenômenos imunológicos pode resultar de uma ou mais ações sobre as células linfóides: alteração na produção ou liberação de células da medula óssea, modificação de sua capacidade de migrar até zonas de reações imunológicas ou inflamatórias, remoção de células da circulação por destruição ou seqüestro em diversos compartimentos teciduais ou supressão direta de suas funções fisiológicas, tais como a produção de linfocinas e anticorpos.

Outro mecanismo pode compreender a inibição da fagocitose e subseqüente digestão do antígeno por macrófagos, ocorrência indispensável ao desenvolvimento de algumas respostas imunológicas. A hidrocortisona interfere com a migração de neutrófilos e fagócitos mononucleares para o local da resposta alérgica ( inflamação ; a capacidade fagocitária e digestiva dos macrófagos também é reduzida. Finalmente, a hidrocortisona inibe a formação de tecido de granulação por retardar a proliferação capilar e fibroblástica e a síntese de colágeno.

c) Os corticosteróides são úteis no tratamento das Alergias a imunocomplexos, do tipo III, devido principalmente às suas propriedades antiinflamatórias. Nos casos graves pode-se administrar azatioprina ou ciclofosfamida, a fim de suprimir a resposta imune e permitir o uso de quantidade reduzida de esteróides. O uso contínua de corticosteróides em doses farmacológicas pode causar supressão adrenal e hiperadrenocorticismo.

O risco de supressão drenal depende da dose, bem como da duração da ação da droga específica e da duração do tratamento. A prednisona a prednisolona, por exemplo, provocam menos complicações de ação prolongada, como a betametasoma e a dexametasona. De fato, a administração de uma droga de ação curta por período breve geralmente não causa toxicidade significativa. Costuma-se adotar a administração oral de corticosteróides em regime de dias alternados. Os pacientes sofrem menos reações adversas com este regime e causam menos supressão renal.

d) As Alergias do tipo IV, isto é, hipersensibilidade da CMI, podem incluir células citotóxicas ou linfocinas ou ambas. A rejeição de enxerto é exemplo da influência dos linfócitos citotóxicos. Os pacientes submetidos a transplantes são tratados com agentes imunossupressores associados . por exemplo, um esquema para o tratamento de pacientes submetidos a transplante cardíaco inclui prednisona, azatioprina e ALS. Além disso pode-se utilizar a radioterapia para suprimir a atividade dos linfócitos sensíveis a antígeno. O tratamento da dermatite ed contato, que é manifestação dérmica da Alergia de CMI, é sintomático. O tratamento com corticosteróides, quer local, quer em caso grave, sistêmico, é utilizado para controlar a inflamação.

*Hamburger, R.N. Peptide inhibition of the Prausnitz-Küstner reaction. Science, 1975

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